terça-feira, 23 de outubro de 2012

Tecnologia brasileira contra malária vira referência mundial



Um medicamento contra malária desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia em Fármacos da Fundação Oswaldo Cruz (Farmaguinhos/Fiocruz), o ASMQ, recebeu a pré-qualificação da Organização Mundial da Saúde (OMS), que garante o alto padrão de qualidade do produto.
A certificação foi anunciada nesta quinta-feira, 3, na Índia, onde o medicamento é fabricado graças à transferência de tecnologia da cooperação Sul-Sul (agenda própria de discussões entre Brasil, Índia e África do Sul criado em 2003 e que incluem temas como ciência e tecnologia, educação, agricultura, sociedade e informação, defesa, assentamentos humanos, meio ambiente e clima, transportes, geração de energia, desenvolvimento social e experiências em administração pública). Com isso, a dose fixa de artesunato (AS) e mefloquina (MQ), desenvolvida pelo Farmaguinhos em parceria com a organização Medicamentos para Doenças Negligenciadas, terá maior facilidade para ser distribuída no Sudeste Asiático.
O coordenador de pesquisa clínica de Farmanguinhos, André Daher, explica que o tratamento com as duas drogas já era usado, mas a nova formulação, registrada no Brasil e distribuída pelo Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária desde 2008, oferece tratamento mais fácil e eficiente. “Quando você tem duas drogas associadas numa única formulação previne a monoterapia, ou seja, o paciente não toma uma droga só. Com isso você garante a cura radical da doença, previne o aparecimento de cepas resistentes e tem toda uma questão logística de distribuição desse medicamento dentro do sistema de saúde pública facilitado, uma vez que você tem uma única apresentação sendo distribuída. Também melhora muito a adesão ao tratamento, quer dizer, o paciente toma o tratamento completo e você tem uma chance maior de cura”, disse.
De acordo com o pesquisador, esse é o tratamento para malária com uso do menor número de comprimidos  atualmente e pode ser aplicado a partir dos 6 meses de idade. “Você tem quatro tipos de tratamento, divididos por faixas etárias, mas são todos com uma tomada diária durante três dias e não precisa ser ingerido com nenhum tipo de alimento especial. O fato de ser uma única dose diária melhora muito a adesão do paciente e ele apresenta maior tolerabilidade, com menos efeitos colaterais”.
Segundo a OMS, a malária é a quinta doença que mais mata no mundo. Ela é provocada pelo parasita do gênero Plasmodiun, transmitido pela picada da fêmea infectada do mosquito do gênero Anophele, conhecido como muriçoca, mosquito-prego ou carapanã. No Brasil, 99,5% dos casos são registrados na região da Amazônia Legal. No mundo, África Subsaariana e Ásia são os locais com maior incidência. A doença, também chamada de impaludismo, causa sintomas como dor de cabeça, no corpo, dor abdominal, tontura náusea, fraqueza, febre alta e calafrios.

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